A convicção de Miguel Real, referindo-se a Fernando Pessoa e José Saramago, numa das respostas que deu ao jornalista Sérgio Almeida, do Jornal de Notícias, que hoje publica uma entrevista com o ensaísta na sequência da publicação do seu livro mais recente:
“Sem anular outros autores, os dois, devido à singularidade da sua obra e ao seu poder disruptivo, resistirão ao tempo. Como Camões, Padre António Vieira e Eça de Queirós. São um espelho crítico do seu tempo.”
«Ainda que firmados em dois projetos literários diferentes, em dois tempos mentais diferentes, quase antagónicos, se não mesmo contraditórios, duas caraterísticas são comuns a Pessoa e a Saramago:
A total transgressão dos códigos estéticos do seu tempo, balizando um novo vinco na história da literatura;
Uma representação absolutamente original da língua, do homem e da sociedade – Pessoa, da crise do sujeito literário e existencial do princípio do século, respondendo com a originalíssima multiplicação da identidade autoral e narrativa;
Saramago, da situação crítica do mundo ocidental no final do século, postulando uma escrita que funde o romance com o ensaio, uma escrita que não intenta apenas revelar o mundo, mas sobretudo, usando a sua visão pessoal do mundo, problematizá-lo, complexificando o estatuto do narrador, incorporando neste o autor.»
É assim que Miguel Real, conhecido ficcionista, crítico literário e ensaísta, que há mais de vinte anos se dedica ao estudo de autores e pensadores portugueses, resume o presente ensaio que, partindo de uma conferência realizada no México, trata do que é próprio e afim.
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Livros
Pessoa & Saramago | Miguel Real
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Voz Online
Publicado novembro 06, 2021
As obras de Fernando Pessoa e José Saramago são as mais preparadas para resistir à passagem do tempo, defende o ensaísta e ficcionista Miguel Real no seu novo livro, dedicado aos dois vultos da literatura.
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